Nesta era em que somos sufocados com informação, em conversas, verifiquei que a gente cá da casa, ou seja, do Grupo Versalhes, está-lhe a passar desapercebida a nossa representação na BIENAL DE VENEZA. Mais que não fosse estão envolvidas pessoas que muito admiramos que nos «obrigam» a estarmos atentos. Deste modo, se quer saber mais veja o site oficial português o site da bienal e este trabalho do jornal Público. E, depois, claro, nos Primeiros Domingos, lá teremos as nossas discussões.
«Amigo, não importa como se começa mas sim como se acaba», foi o que ouvi no Café, numa de cumplicidade, entre cliente e empregado. E os presentes perceberam do que se estava a falar. Mas o ambiente era tenso. Se continuarmos como ontem, o fim parece auspicioso. Não é António!
São tantos os que recentemente me têm feito perguntas sobre a orgânica da então Direcção Geral da Acção Cultural - DGAC - que o melhor é indicar aqui o endereço do Diário da República onde está o diploma - Decreto Regulamentar 19/80 de 26 de Maio - que cobre mais do que um organismo. A qualidade não é grande coisa. Já agora: eu não alinho com aqueles que acham que «investigação», no sentido científico, é encontrar dados e informação que deviam estar disponiveis e acessíveis de maneira fácil a qualquer cidadão (e às vezes até estão) . Para o caso «apenas» é necessário, por exemplo, saber o número do diploma, e no site da incm procurando em Diario da República Electrónico é «tiro e queda». Depois, «reflectir sobre», em função de alguma pergunta e problemática, isso sim, já será investigação. Neste blogue se procurar por «Animação Cultural Institucional» pode encontar mais alguma coisa em torno da DGAC.
Quando o potencial da internet era apenas anunciado lembro-me de ler que ia chegar o tempo em que mais do que procurar este ou aquele jornal iriamos à procura deste ou daquele jornalista ou cronista e que isso ia ser muito fácil. Mais do que fieis ao jornal seriamos adeptos de autores. E que cada um de nós poderia em cada momento «fazer o seu jornal». Lembro-me também de a partir daqui muitas discussões terem lugar e disso não parecer verosímil a muitos. Ainda recentemente em encontro entre amigos nos lembrámos destes momentos. Com frequência isto me vem à memória quando ando à procura do que diz hoje o cronista x ou y. Ou seja, quando ando a construir o meu «jornal diário» a partir da comunicação social tradicional agora acessível na web, e recorrendo a sítios individuais. Em regra a crónica mais «negra» de uns é atenuada pela crónica mais «esperançosa» de outros. Mas hoje ao ler BAPTISTA BASTOS e VASCO GRAÇA MOURA, ainda por cima um a seguir ao outro, a coisa fica mesmo «preta».
Da crónica de BB
«Tanto Sócrates como Passos nada nos dizem. Não possuem back-ground, são produtos do mesmo berço ideológico que se rege pela carência de ideologia; procedem de uma intenção "doutrinária" sem graça, sem imaginação e, sobretudo, sem aquela grandeza que converte a esperança em sonho e o sonho em destino. A política, para ambos, é uma organização de agenda, um empreendimento sem qualidade áurea, que vive dos telejornais da noite, enfim: uma teologia estabelecida por assessores, que depaupera o humano e liquida a mais leve insubmissão. Atentemos nos discursos do Pontal e de Mangualde: são intervenções destinadas ao pressuposto, muito semelhantes porque nenhum dos protagonistas arrisca, desafia, afronta, desinquieta - e é incompetente para mudar, alterar, reconstruir do que sobra das cinzas. Nós não figuramos nos seus projectos, porque eles apenas alimentam projectos pessoais de poder».
Da crónica de VGM:
«Assim, um país analfabeto, predisposto à mendicância e propenso à falta de vergonha, desertificado e macrocéfalo, desequilibrado em todos os aspectos, que não trabalha, não produz, não tem agricultura, nem indústria, está em vias de se tornar a escória da Europa. E essa é mais uma das faces de um problema sério que com este Governo nunca será resolvido: no que toca à política, à sociedade, à economia e à cultura, Portugal tornou-se o mais sério candidato a despatrimónio europeu.»
Vale-nos a luminosidade do dia, lá fora, que nos convida ao mar. Que nos lava a alma. E, claro, estas crónicas ainda que verdadeiras não nos resumem enquanto país. Há outros países dentro do país, que os mesmos autores, como só eles sabem fazer, também nos têm dado a ver noutros trabalhos.
O quadro de Van Gogh - Papoilas - foi roubado de um Museu no Cairo. Entretanto já foi recuperado . Para lá do crime em si, condenável como qualquer crime, sempre que estamos perante o roubo de obras de arte de um espaço público o acto perturba-me particularmente: trata-se de retirar o que é de todos pelo facto de estar num Museu para ser escondido, doutra forma o crime será descoberto.Que coisa! Aproveitemos o caso para olharmos para a beleza deste quadro. Apetece ir ao Cairo só para o saborear, ao vivo. Para além do mais, adoro «papoilas». E ainda mais girassóis. Está visto, gosto de Van Gogh, a que não deve ser alheio o facto de ter nascido e crescido «no campo». Se calhar não tem nada a ver. Onde estará a origem do «gosto»?
Alguns riam-se quando se dizia que enquanto não fosse revogado o célebre artigo 49.º do Diploma da Execução Orçamental os «cortes» mantinham-se, ainda que se efectuassem as descativações ou se encontrassem alternativas de financiamento. Para se ser mais convincente, chegava a dizer-se: «mesmo que saísse a sorte grande à DGARTES». Parece que é isto que esta notícia diz, e por ela se poderá concluir que nem uma coisa nem outra estão garantidas. Ou seja, ainda «não há verba» e a redução «dos 10%» continua no Decreto. E certamente na prática. O assunto é manchete no Diário Económico desta Sexta-Feira como se vê na imagem acima, e dei por ele por uma breve referência na televisão ao falarem da imprensa do dia seguinte. Aguardemos os próximos capitulos. Estou com alguma curiosidade em ver como o «meu querido mês de Agosto» se repercutirá no que se vai seguir.
Afinal, como seria de prever, a questão dos Apoios às Artes não está encerrada assim o mostrando este trabalho no Jornal Público. Interessante um dos comentários que pede informação sobre o sector. Associo-me, pensando que mais do que se pedir há que o exigir. Talvez os senhores deputados tenham aqui um papel a desempenhar bem como os membros do Conselho Nacional de Cultura. Mais do que ninguém precisam de conhecer o que se passa com a cultura e as artes no nosso País em contexto internacional, e isso agora só se admite que seja em tempo real e on-line. Vale pouco fazer um estudo que no dia seguinte está desactualizado. E se é difícil aplicar:
A responsabilidadae intelectual consiste em colocar uma questão de forma tão clara e intelegível que seja possível demonstrar à pessoa em causa sempre que esta faça uma afirmação falsa, confusa ou ambigua que assim é - Karl Popper.
E é claro que informação sobre o sector completa, actualizada, integrada e em tempo oportuno - e a sua produção é certamente uma das funções institucionais - permitirá estudos cada vez em maior número e de maior qualidade. À falta disto todos os estudos que foram realizados e vão continuar a ser feitos serão bem-vindos, e até recebidos com euforia como acontece. O mal está quando desviam a atenção do problema de fundo e se constituem na verdade única.
Hoje é o Dia Internacional da Juventude, e por Resolução do Conselho de MInistros o País celebra em 2010-2011 o Ano Internacional da Juventude. E neste preciso momento estou a ouvir num dos Telejornais denunciarem o drama do desemprego que afecta os jovens. Certamente que a melhor maneira de festejar o tal ano seria ultrapassarmos este flagelo. Na esfera da cultura e das artes, parece-me imperioso desencadear medidas que dinamizem o sector tendo presente os jovens, o que até poderá significar apoiar Projectos de «seniores» que integrem equipas de todas as idades. Estamos para lá dos estágios. Têm o seu papel, bem sei, mas do que necessitamos, na minha avaliação, como «pão para a boca», é de Projectos a prazo, de uma verdadeira REDE DE ARTES que é muito mais do que uma rede de equipamentos.
E neste dia da Juventude, detive-me na crónica A soldado desconhecida de Ferreira Fernandes, publicada no DN, que nos fala duma jovem que faz parte daqueles que a comunicação social não costuma referir. Agora foi notícia porque faleceu, nos incêndios, e no telejornal estão a dizer que foi hoje o funeral. Muitas vezes falamos dos jovens com uma toada abstracta, esquecendo-nos em muitas ocasiões que cada jovem é uma pessoa.Como a Josefa que foi hoje a enterrar, com 21 anos.
(o vídeo não tem a ver directamente com o artigo mas dá para conhecer melhor o autor e os teatros e teatro que o movem, e aqui fica como endereço para o vídeo completo que anuncia, facilmente localizável em www.oeste.tv)
Mas que estraga-prazeres que eu sou - embora o prazer me organize - não deviamos todos nós que estamos em férias gozá-las e ponto final! Esquecer os problemas. Mas, ao arrumar os meus arquivos digitais, releio um artigo de opinião de Fernando Mora Ramos, imagino despoletado pelos cortes na cultura - e tenho ideia que até agora apenas com uma divulgação restrita de que eu também fui destinatária - e não resisto em dar conta dele, aqui na sua forma completa, e já de seguida com registo de excerto (destaque nosso):
«A criação e a fruição, mesma moeda, são para todos essa possibilidade crítica, exercício de liberdade contra a hegemonia do pensamento único, a ideologia dominante que, como sabemos, não é plural, mas via e visão únicas. No princípio o mercado e não a palavra, a pessoa, menos ainda o colectivo cidadão e mesmo o pão. E a escala da arte a fruir e criar tem de ser nacional e inter-cultural para ser democrática e tem de ser assimétrica para prosseguir um ideal social também na demografia. Os interiores, os vastos interiores, não devem excluir-se da democracia. E são de dois tipos: geográficos (acessibilidades, a internet não faz voar o corpo e que lá venha o planeta) e culturais (o velho e o novo analfabetismos, agora até encartado, universitário, iliteracia cavalgante no consumo industrio cultural mimético). Estes últimos estão por toda a parte, no coração do próprio sistema e agem contra a democracia em nome do igualitarismo e do basismo nivelador de outrora com novas vestes – falam de igualdade de oportunidades e despem as oportunidades de qualquer substância. Não devem excluir-se por razões democráticas. A democracia é inclusiva. Mas também por razões vitais: as artes e a cultura constituem a auto imagem de um povo em movimento, construção da identidade na identidade. Ninguém se vê no consumo e aí se observando só vê o que consome. O que lhe devolve o consumo é mais consumo, mecânica, não vida e hipótese de, futuro e desejo dele. O que a cultura estimula e alimenta plural, abertura ao porvir, a um porvir livre.
Assim sendo e concretizando o que a Constituição estipula, lei maior que leis menores achincalham, o país deve obrigatoriamente estar dotado de estruturas de criação artísticas estáveis nas artes da cena que cubram os diversos países que o país é para que seja um, como a língua o permite e é na sua diversidade: une e é mais que espelho, é mesmo o fundo dinâmico do nosso imaginário comum, aquele que as artes usam e aprofundam, mais rico de imagens e possibilidades, imagens também plásticas, outras línguas do continente da escrita total que a língua cria. Aprofundar as assimetrias é negação da democracia e do direito, regressão civilizacional. A criação estruturada e estruturante é parte da democracia como o Parlamento e os Tribunais, as Escolas e os Hospitais. E de uma democracia moderna claro. De modernidade, pois. É a estrutura democrática do Estado de Direito. Estado de Direito? A propor rasgar e romper compromissos legalmente assumidos? De Direito?»
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