A 24 de Setembro último assisti na FIL, no âmbito do «PORTUGAL TECNOLÓGICO 2010», à Conferência «Indústrias Culturais e Criativas como catalisadoras da inovação e da economia». Pode ver o Programa aqui. Ao pensar no que lá aconteceu, vem-me logo à memória uma observação da moderadora (na circunstância uma Dirigente do MC) que depois de umas tantas intervenções indagou, qualquer coisa como: «e a cultura, qual o seu papel no meio disto tudo?». E depois noutra variante: «o que é que a Cultura tem a ver com isto?». Lembrei-me, ali, na hora, que em tempos numa Conferência de Richard Florida sobre Cidades Criativas lhe perguntaram algo semelhante e ele respondeu: perguntem aos profissionais da cultura e das artes. Mas para além deste episódio há outros registos que consigo isolar e sistematizar:
- Desde logo, a questão dos conceitos. O ruído prevalece e continuamos a não saber o que verdadeiramente dizer sobre o que são «Indústrias Culturais e Criativas». Mas muitas das vezes são-nos apresentadas como algo estranho, esotérico, cujo entendimento só será acessível a uns tantos privilegiados. Pois bem, e eventualmente isto terá a ver com a minha formação base que é na esfera da gestão (onde criatividade e inovação são temas de reflexão de há muito), apetece afirmar que, pensando bem, hoje, no século XXI, todas as Indústrias devem ser culturais e criativas, quer quanto aos produtos e serviços finais mas também nos processos de trabalho. Qualquer que seja o sector/ramo que consideremos. Se estamos, por exemplo, no sector/ramo do calçado (e uma experiência destas até foi lá relatada, e eu pensava: mas o que é que isto tem de novo, que não se ensine «desde sempre» nos primeiros anos de qualquer curso de gestão!); e se olharmos, uma vez mais como exemplo, a produção de um espectáculo de Teatro, também estaremos nas «culturais e criativas». E foi muito interessante observar outra experiência relacionada com a produção de um instrumento musical que resulta precisamente do cruzamento de conhecimentos e aptidões dos envolvidos: unia-os o gosto pela música; outros contribuem em especial com a domínio que têm sobre o comportamento dos materiais; outros sobre design; outros ... . E transversal a tudo, «ambição».
- E gostei de ouvir um termo (precisamente vindo da Equipa do novo instrumento musical) que equacionou Indústrias Criativas = Empresários Alternativos. Com esta mesma ideia ando a falar de Gestores Alternativos. E tenho assinalado, por exemplo, para o sector das Artes e da Cultura, não só no País como no estrangeiro, Pessoas que correspondem ao perfil que eu identifico, no terreno, como correspondendo àquela figura.
- E foi óptimo ouvir especialista falar da tecnologia «multitoque», e eu pensei logo em «milhentas» utilizações nas artes.
- E não percebi o «pacote» lá anunciado que está a ser desenvolvido pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Economia na esfera das Indústrias Culturais e Criativas, seguindo quatro eixos: Formação; Financiamento; Internacionalização; Direitos de Autor. Uma vez mais, qualquer uma destas componentes, na minha apreciação, tem a ver com qualquer indústria e não me parece pela abordagem feita ser o nuclear de qualquer ministério da cultura. Mas aguardemos. A comunicação social noticiou esta matéria:
« Ministra anuncia medidas para as indústrias criativas
Cláudia Carvalho
A ministra da Cultura anunciou que "muito brevemente" vai apresentar-, conjuntamente com o Ministério da Economia, um pacote de propostas para as indústrias criativas, que permitirão que o sector se afirme "de uma forma sustentável". Falando, ontem, na abertura da conferência sobre indústrias criativas e culturais, na feira Portugal Tecnológico 2010, que está a decorrer na FIL, em Lisboa, Gabriela Canavilhas referiu que este pacote de medidas pretende consolidar um sector que tem provado que tem retorno económico para o país. "Hoje em dia só se fala de nuvens negras, da crise, do Orçamento do Estado, e se há factor que pode ajudar a inverter este clima é a cultura", disse a ministra.
O novo conjunto de medidas envolve quatro eixos de intervenção: a formação, o financiamento, a internacionalização e os direitos de autor. "É um ciclo completo, que não pode dissociar nenhuma das fases", justificou Canavilhas, notando que a questão dos direitos de autor é especialmente sensível e complexa, "até porque nós não temos autonomia nacional para decidir sobre esta matéria". »
E lá na Conferência, porque foi abordado, também me lembrei de algo que há muito ando para referir neste blogue: para quem ainda não tenha dado por isso, foi divulgadao o Relatório Final «Potencial das Indústrias Culturais e Criativas, em particular nas PMEs» - tem data de 3 de Junho de 2010 - disponível aqui. E sobre o trabalho pode ver uma apresentação neste endereço. Depois de estudar bem o documento voltaremos a ele, mas, para já, não atinjo de imediato a razão dos casos portugueses considerados, como «boas práticas», a saber:
"Agência Addict”, “Museu de Portimão”, “Estudo do Sector Cultural e Criativo em Portugal de iniciativa do GPEARI/MC”, “Incubadora InSerralves”, “Programa Inov Arte”, “Programa Inov Contacto”, Programa de Turismo PIT”, “Programa de Turismo SIVETUR” e “Iniciativa da empresa YDreams”.
Independentemente do valor de cada um dos casos considerados, vou gostar de perceber os critérios de selecção, até porque me vieram logo à cabeça outras experiências. Mas, ainda bem que, pelos vistos, há muitas.
E, por fim, não resisto a ensaiar uma resposta (nestas coisas sempre provisórias) sobre o que é que a cultura tem a ver com isto tudo. E na perspectiva do que é que o Ministério da Cultura tem a ver com isto tudo. Tem, e muito: ao cumprir o Serviço Público razão de ser da sua existência favorece todas as INDÚSTRIAS, favorece a vida, como acontece com o Ministério da Educação, por exemplo. Quanto «mais cultas» mais bons profissionais teremos, qualquer que seja o seu lugar. E melhores indútrias, que hoje têm de ser «culturais e criativas» para favorecerem a inovação, o que só assim as torna competitivas, e só assim criam riqueza para o País.E para isso são necessárias Pessoas competentes e talentosas. E por vezes, nestes ambientes estimulantes, surgem os génios ...
Acabo de ver que se anda a suplicar a Mourinho para ser treinador da selecção por dois jogos. Mas isto não era coisa apenas do Terceiro Mundo?Ou será que o regime «à tarefa» já é memo possível em tudo?
Pois é, um pequeno «bug» caseiro mandou o nosso post sobre a Festa do Avante ao ar. Recuperemos o possível: fotos da Judite.
Este artigo de CARLOS VARGAS, publicado no Jornal Público de sexta-feira passada, interessa particularmente ao GRUPO VERSALHES ou não estivesse a maioria ligada ao Ministério da Cultura onde muitos trabalharam e onde alguns ainda trabalham (entendido o Ministério como o conjunto dos organismos que o integram). No artigo estão expressas ideias e relatados factos que podiam ser subscritos por muitos de nós, do Grupo, e que não param de ser objecto das nossas conversas nos Primeiros Domingos - encontro regular «sagrado» - e não só, porque nos andamos sempre a encontrar, a falar pelo telefone, por e-mail, para além desse dia. Quando estamos juntos passamos o tempo a discutir cultura, e muitas das vezes sobre o que se passa no ministério, e disso se queixam os amigos que têm outras ocupações profissionais. Mas vamos ao artigo e a alguns dos seus temas:
- Converge-se facilmente na leitura com que é iniciado: «É frequenete afirmar-se que o consulado Nery/Carrilho à frente do Ministério da Cultura correspondeu a um momento de especial afirmação do tecido cultural português e de um consequente desenvolvimento do Ministério da Cultura. Acontece que Rui Vieira Nery e Manuel Maria Carrilho manifestaram uma invulgar capacidade para ler a realidade cultural do país, e ao mesmo tempo desenhar uma estratégia para o seu apoio, desenvolvimento e promoção, quer no território nacional, quer no estrangeiro, através da administração central do Estado, isto é, de um novo Ministério da Cultura adequado a uma realidade dinâmica mas concreta».
Em jeito de diálogo, apetece adiantar que para isto foi determinante a assunção política da importância da cultura e das artes que estava expressa, por exemplo, no programa do governo na postura do então primeiro ministro, António Guterres, e na própria criação de «Ministério» para a Cultura que desde logo tinha um poder simbólico que se poderia traduzir em «a Cultura em pé de igualdade com os outros sectores». E tudo isto era genuino.
- Testemunhou-se o que se adianta noutro parágrafo: «Com o novíssimo IPAE - Instituto Português das Artes do Espectáculo, desenhou-se uma estratégia para o território nacional e pensou-se a prática cultural como um sistema, próximo do cidadão e de responsabilidades partilhadas com o poder autárquico, sem fazer tábua rasa de um passado próximo forte e em crescimento. Viseu, com o Centro Regional de Artes e Espectáculos, foi muito bom exemplo das possibilidades e da absoluta necessidade de se lançarem pelo pais esses equipamentos e uma rede estratégica de desenvolvimento cultural. Em 1995, com José Ribeiro da Fonte e Mário Barradas, entre outros, Rui Vieira Nery desempoeirou o país cultural e mostrou que o Estado e a administração central podiam fazer a diferença e lançar desafios». De facto, pensava-se de forma sistémica, e trabalhava-se a dois ritmos: o estratégico e o do curto prazo. Nunca se iniciava uma intervenção sem se cuidar do seu sentido estratégico, mas não se estava à espera de grandes documentos muito bem escritos e arrumados em pastas argoladas para se começar a agir. Na acção se ia testando e burilando e só depois institucionalizando quantas das vezes, e tudo, em cada momento, num quadro legal claro.
Se calhar ainda vamos voltar a este artigo, noutra altura.
Sala do Teatro Virginia
Fachada doTeatro São Luiz
Recordo de memória e a frase pode não ser exactamente esta mas o sentido é de certeza:
«Perante dois candidatos a um lugar em que um é meu amigo eu escolho o meu amigo».
Isto foi afirmado por um político do nosso País em tempos e, eventualmente, será posição que continua a assumir . E sempre que isto vinha à baila eu acrescentava: «espero que pelo menos ambos sejam igualmente competentes». Mas é evidente que o problema de fundo está muito para além da competência, embora isto já seja um mundo. Lembrei-me desta posição ao ler o seguinte:
«Teatro Virgínia substitui João Aidos por duas responsáveis
“Esta não é uma solução transitória, é uma escolha nossa e penso que vai funcionar”, salientou António Rodrigues.
O autarca referiu ainda que “a porta continua aberta” caso o antigo director João Aidos queira voltar ao cargo. “João Aidos é nosso amigo e a amizade não tem barreiras”, frisou.
(...)»
Pode ver toda a notícia aqui
Por associação de ideias, veio-me ao pensamento que neste momento está a decorrer um concurso para Director Artístico do Teatro São Luiz de Lisboa que tem esta identificação que não deixa de ser curiosa: «Prestação de Serviços de Direcção Artística do São Luiz Teatro Municipal». Mais. Pelo que conheço do processo, neste caso estaremos no limite do que é aconselhável que seja feito em «outsourcing» se é que já não está ultrapassado. Parece-me que estamos a «meio-caminho» entre uma concessão de um serviço e o recrutamento de uma pessoa para um cargo numa Organização com uma estrutura institucionalizada para o que há regras na esfera da gestão dos recursos humanos. Ou será que não é assim? E tentando fazer graça, embora a situação não a suscite muito, certamente que em qualquer cenário a «amizade» não estará nos critérios com que o júri do concurso vai trabalhar. Como este processo se passa na minha Autarquia é óbvio que vou estar particularmente atenta, mas também porque em termos académicos o assunto me interessa por demais.
São apenas dois exemplos mas que mostram o quanto há a fazer na esfera da «Rede de Teatros» que já todos sabemos que não existe mas continua a agir-se como se tal não fosse verdade. E para que se crie tem no mínimo que garantir-se o que temos em Redes que vão funcionamdo, como serão a dos «Museus e as das Bibliotecas» o que passa necessariamente por uma intervenção articulada entre Administração Central e Administração Local. Quanto a «redes» a notícia que está na base deste post também dá algumas pistas que provocam correspondentes perplexidades, no mínimo interrogações. Por exemplo, quando se lê:«A nova programadora do Virgínia foi assistente de João Aidos no Teatro Aveirense, com quem colaborou na criação da rede nacional de teatros e cine-teatros». O que é que isto significa verdadeiramente?
E há também uma passagem que para mim não deixa de ser inquietante, é esta:
«O presidente da câmara salientou ainda que a autarquia está a fazer esforços para reduzir os custos associados ao teatro através da sua integração em redes de teatros nacionais que se candidatam a fundos comunitários. “No próximo ano, grande parte da programação será financiada por estes programas comunitários e penso que o esforço financeiro da autarquia vai diminuir”, disse ainda António Rodrigues». E sem se deixar de reparar no dinamismo da autarquia, a minha questão neste domínio tem um caracter bem mais de fundo que se prende com o espaço da cultura e das artes no QREN. Até hoje não o consigo perceber o que se está arealizar e não alcanço o sentido estratégico que em termos nacionais se está a prosseguir.
Tal como as conversas os pensamentos também são como as cerejas: estou a ouvir na rádio algo sobre o caso «CarlosQueirós» e o seu tipo de contrato com a Federação de Futebol. Parece que também era «uma aquisição de serviços» ...
Desde há uma hora, mais coisa menos coisa, que estou a ouvir notícias ou a ler na internet, à medida que vou dando uma olhadela sobre o que se vai passando no mundo enquanto faço trabalho com prazo, que nos dizem que Telma Monteiro é vice-campeã. Ganhou a medalha de prata no campeonato em que está a participar. Por exemplo li isto :
«Telma Monteiro, de 24 anos, teve uma prestação excepcional nos Mundiais de Tóquio, tendo vencido cinco combates, acabando por ceder a 23 segundos do final do último». (in Sapo)
Mas curiosamente não é o lado excepcional que é chamado para a cabeça da generalidade das notícias que vi. Até posso estar a ler e a ouvir «mal», mas dá-me ideia, que o que se retem, pela ênfase que se lhe dá, é que não ficou em primeiro lugar. Tenham dó! Destaque-se o feito que de facto me parece excepcional. Alegremo-nos quando há razões para isso. PARABÉNS TELMA MONTEIRO. Esperemos que toda a comunicação social comece a valorizar o feito com o relevo que merece.
(mais sobre a representação portuguesa)
SIZA PEDE MAIS HABITAÇÃO SOCIAL
O arquiteto Álvaro Siza Vieira defendeu esta semana, em Veneza, a necessidade de criar mais habitação social em Portugal "para as famílias que não conseguem ter acesso a casas". "A habitação é um direito inscrito na Constituição Portuguesa", sustentou, numa entrevista à agência Lusa a propósito da exposição "No Place Like - 4 houses 4 films", inserida na 12.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza.
in Expresso/Espaços e Casas
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