

Neste momento temos em Lisboa duas exposições temporárias sobre o Vidro: no Museu de Arqueologia e no Museu de Arte Antiga. Sobre elas o Madeira Luis mandou o seguinte texto:
Cara Amiga
Agora que acabei as tarefas que me couberam naquilo que gosto de chamar “ O Ano do Vidro em Portugal”, tendo em conta o inicio da prospecção arqueológica do mais antigo centro de produção vidreira, documentalmente atestado, no nosso país ( a Quinta do Covo em Oliveira de Azeméis), a realização da Conferência do “I.C.O.M Glass”, pela primeira vez, em Portugal e de algumas perspectivas de maior visibilidade do nosso importante património vidreiro, tão pouco conhecido; pude enfim ter disponibilidade para visitar as duas exposições apresentadas em Lisboa a propósito da conferência acima referida, no Museu Nacional de Arte Antiga e no Museu Nacional de Arqueologia.
Tanto uma como a outra, para além do seu interesse específico (naturalmente discutível como todas as coisas) mostram um aspecto comum: a de serem presumivelmente o lado visível dum “iceberg”.
Na verdade como é possível que o Museu Nacional de Arte Antiga possa apresentar, a partir das suas reservas, várias dezenas de peças de vidro de uma só fábrica espanhola, por sinal aquela de cujo museu é directora a actual Presidente do ICOM Glass – a Granja de Santo Ildefonso, perto de Segóvia?
O que haverá, nessas reservas, de tantos outros centros vidreiros (em Veneza, Boémia, Inglaterra ou mesmo em Portugal ou em Espanha) de que, até agora, só conhecemos efémeras mostras ao sabor das várias reorganizações do espaço do Museu, ou de raras exposições temporárias?
No que respeita ao Museu Nacional de Arqueologia a perplexidade não é menor. Como o desconhecimento do publico sobre o conteúdo das reservas é a mesma que no Museu Nacional de Arte Antiga as indicações das “tabelas” da exposição e do catalogo poderiam colmatar em parte esse desconhecimento se a bibliografia para que nos remetem fosse exaustiva, sintética e acessível.
Não sendo assim, a reiterada referência a uma “colecção do Rei D. Manuel” (que a ser o II deverá tratar-se do que até agora se denominou como “colecção de Fernando II” e que terá sido incorporada no Património Nacional com a queda da Monarquia) é mais um factor de confusão num país que necessita urgentemente de informação “a benefício de inventário” como reza a obra de Marguerite Yourcenar
NB – Será bom acrescentar duas notas: uma a favor do Museu Nacional de Arqueologia pelo baixo preço do catálogo, outra contra o Museu Nacional de Arte Antiga que não editou a mínima informação para os visitantes, sobre o conteúdo da mostra que apresenta.
Com um abraço do
Madeira Luis
Ser leiga tem algumas vantagens (isto cheira-me a coisa um bocado reaccionária), é que eu já fui ver a exposição do Museu de Arqueologia e gostei muito. (E também gostei da que está ao lado sobre a Quinta do Rouxinol). Por acaso antes já tinha comigo o Catálogo que o Madeira me tinha oferecido. Ia preparada. E claro que vou ver a do Museu de Arte Antiga, e espero que o nosso amigo me acompanhe. Talvez seja melhor organizar um Grupo para a discussão ter mais sabor.