Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009

«AGORA SIM, DAMOS A VOLTA A ISTO!»

 

O GRUPO VERSALHES GOSTA DE FESTAS E VAI FESTEJAR

 

 

A PASSAGEM DO ANO

O INÍCIO DO NOVO ANO

O COMEÇO DO NOVO DECÉNIO

E TUDO  MAIS DE QUE NOS LEMBRARMOS

 

 

FAÇA O MESMO  ONDE QUER QUE ESTEJA

E COM O QUE TIVER

AQUI PODE SER AO SOM DOS DEOLINDA

 

 

 

E QUEM SABE «AGORA SIM, DAMOS A VOLTA A ISTO!»

publicado por MAF às 17:03
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TREE-NATION

 

 

 

 

 

 

 

 

Estou mesmo numa de boa-vontade, só coisas boas, bem intencionadas. De facto, depois do fracasso de Copenhaga parece-me bem dedicar um tempo do último dia do ano  a contactar com iniciativas que se preocupam com as mudanças climáticas. A «tree-nation» chegou-me com a marca da revista Economist .  Ainda nem sequer me apercebi da eficácia do Projecto, mas tudo o que leve a falar do Desenvolvimento Sustentável é bem-vindo. Mesmo que de forma leve, por vezes  tão ao jeito de  seres bem leves, bem insustentáveis, e que me irrita um bocado. Mas para já gosto do site e agrada-me a minha Acacia Senegal.

Em 2010 vou ver isto melhor e fixar  a minha participação.

AGORA APETECE-ME, QUERO, GOSTAR DA INICIATIVA . E É UMA MANEIRA DE EU ME LEMBRAR DE ÁFRICA - UMA PAIXÃO -  E DAS PASSAGENS DE ANO QUE POR ALI VIVI. POR VEZES DE FILME! GÉNERO A REALIDADE SUPERAR A FICÇÃO. Houve também «uma África Minha». África que conheci, apenas numa pequena parte, começando por Moçambique depois da Independência, e percurso  iniciado praticamente com uma Passagem de Ano no mítico Hotel Polana. 

E agora me lembro que neste momento quem está em África é o André, e no Senegal. Trata da minha árvore. Ao jantar vamos pensar e falar em ti. E fazer um brinde!  E desejar Bom regresso à Guiné e boa investigação. 

publicado por MAF às 16:53
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LULA EM COPENHAGA

 Já que estamos quase em cima da Festa de Passagem de Ano - de que eu gosto particularmente, e muito mais quando é em casa de amigos que organizam as coisas de maneira divina - deixem-me aqui sublinhar, enquanto «faço horas», mais um momento precioso de 2009:  o discurso do Presidente do Brasil em Copenhaga.

 

É verdade que eu gosto de discursos, e especialmente daqueles que dizem alto  e de maneira cristalina o que muitos pensam mas que não conseguem falar, quando muito em voz muito baixinha. A intervenção do Presidente Lula da Silva (formado em Povo brasileiro, como ele disse em  tempos) na Conferência de Copenhga sobre as Alterações Climáticas foi um momento inspirador. Existe o vídeo. Discurso claro e mensagem perfeita na minha apreciação. Fez-me lembrar Samora Machel que vi presencialmente em comícios memoráveis. É preciso estar-se imbuído de tudo aquilo doutra forma não saía assim.

publicado por MAF às 16:28
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Terça-feira, 29 de Dezembro de 2009

EXPOSIÇÕES SOBRE VIDRO

 

 

 

 

Neste momento temos em Lisboa duas exposições temporárias sobre o Vidro: no Museu de Arqueologia e no Museu de Arte Antiga. Sobre elas o Madeira Luis mandou o seguinte texto:

 

Cara Amiga

 
Agora que acabei as tarefas que me couberam naquilo que gosto de chamar “ O Ano do Vidro em Portugal”, tendo em conta o inicio da prospecção arqueológica do mais antigo centro de produção vidreira, documentalmente atestado, no nosso país ( a Quinta do Covo em Oliveira de Azeméis), a realização da Conferência do “I.C.O.M Glass”, pela primeira vez, em Portugal e de algumas perspectivas de maior visibilidade do nosso importante património vidreiro, tão pouco conhecido; pude enfim ter disponibilidade para visitar as duas exposições apresentadas em Lisboa a propósito da conferência acima referida, no Museu Nacional de Arte Antiga e no Museu Nacional de Arqueologia.
 
Tanto uma como a outra, para além do seu interesse específico (naturalmente discutível como todas as coisas) mostram um aspecto comum: a de serem presumivelmente o lado visível dum “iceberg”.
 
 Na verdade como é possível que o Museu Nacional de Arte Antiga possa apresentar, a partir das suas reservas, várias dezenas de peças de vidro de uma só fábrica espanhola, por sinal aquela de cujo museu é directora a actual Presidente do ICOM Glass – a Granja de Santo Ildefonso, perto de Segóvia?
 
  
O que haverá, nessas reservas, de tantos outros centros vidreiros (em Veneza, Boémia, Inglaterra ou mesmo em Portugal ou em Espanha) de que, até agora, só conhecemos efémeras mostras ao sabor das várias reorganizações do espaço do Museu, ou de raras exposições temporárias?
 
No que respeita ao Museu Nacional de Arqueologia a perplexidade não é menor. Como o desconhecimento do publico sobre o conteúdo das reservas é a mesma que no Museu Nacional de Arte Antiga as indicações das “tabelas” da exposição e do catalogo poderiam colmatar em parte esse desconhecimento se a bibliografia para que nos remetem fosse exaustiva, sintética e acessível.
 
Não sendo assim, a reiterada referência a uma “colecção do Rei D. Manuel” (que a ser o II deverá tratar-se do que até agora se denominou como “colecção de Fernando II” e que terá sido incorporada no Património Nacional com a queda da Monarquia) é mais um factor de confusão num país que necessita urgentemente de informação “a benefício de inventário” como reza a obra de Marguerite Yourcenar
 
NB – Será bom acrescentar duas notas: uma a favor do Museu Nacional de Arqueologia pelo baixo preço do catálogo, outra contra o Museu Nacional de Arte Antiga que não editou a mínima informação para os visitantes, sobre o conteúdo da mostra que apresenta.
 
Com um abraço do
 Madeira Luis
 
Ser leiga tem algumas vantagens (isto cheira-me a coisa um bocado reaccionária), é que eu já fui ver a exposição do Museu de Arqueologia e gostei muito. (E também gostei da que está ao lado sobre a Quinta do Rouxinol). Por acaso antes já tinha comigo o Catálogo que o Madeira me tinha oferecido. Ia preparada. E claro que vou ver a do Museu de Arte Antiga, e espero que o nosso amigo me acompanhe.  Talvez seja  melhor organizar um Grupo para a discussão ter mais sabor.

 

publicado por MAF às 22:45
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Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009

O TEMPO esse grande escultor

 

Recebi de uma amiga do Grupo Versalhes (bem vistas as coisas ela também faz parte do Grupo só que Fernando Pessoa em quem ela é especialista  não lhe dá tempo para aparecer) com a frase  « Reencaminho, nataliciamente, este pranto rezado do escultor»,  um excerto de GHERARDO PERINI  do livro de Marguerite Yourcenar «O TEMPO esse grande escultor», da Difel (a minha edição é de 1984 e a a capa é diferente da actual). Eu gosto das capas dos livros, e gosto muito da minha. O e-mail levou-me  a procurar o livro,  a ler toda a parte onde se encontra «o pranto» - II Sistina - ,  a debruçar-me sobre o que tinha assinalado, e a decidir divulgar aqui o recebido e o livro.

 

Gherardo Perini

 «Não irei mais longe, Gherardo.
Não te acompanho mais porque o trabalho urge
e eu sou um homem velho. Sou um homem velho, Gherardo.
Às vezes, quando te entregas mais à ternura,
chegas a chamar-me teu pai. Mas eu não tenho filhos.
Nunca encontrei mulher tão bela como as minhas figuras de pedra,
mulher que ficasse horas imóvel sem falar,
como coisa necessária que não precisa de agir para ser,
e nos faz esquecer que o tempo passa porque está sempre presente.
Mulher que se deixe olhar sem sorrir nem corar
porque compreendeu que a beleza é qualquer coisa de grave.
As mulheres de pedra são mais castas que as outras,
e mais fiéis, porém, são estéreis.
Não há fenda por onde se possa introduzir nelas o prazer,
a morte, ou a semente de uma criança,
e por isso elas são menos frágeis.
Por vezes quebram-se e em cada pedaço de mármore
fica contida a sua beleza inteira, como Deus
que está em todas as coisas,
mas nada de estranho entra nelas que dilate o seu coração.
Os seres imperfeitos agitam-se e acasalam-se para se completarem,
mas as coisas só belas são solitárias como a dor humana.
Gherardo, não tenho filhos.
Eu bem sei que a maioria dos homens não tem propriamente um filho:
têm Tito, ou Caio, ou Pedro, e não é a mesma alegria.
Se eu tivesse um filho,
ele não se havia de parecer com a imagem que eu dele formara
antes de existir. Assim também as estátuas que faço
são diferentes daquelas que comecei por sonhar.
Mas Deus permite-se ser conscientemente criador.
Se fosses meu filho, Gherardo, eu não te amaria mais,
mas não teria que perguntar-me porquê.
Toda a minha vida procurei respostas a perguntas
que talvez não tenham resposta e perscrutei o mármore
como se a verdade se encontrasse no coração das pedras,
e espalhei as cores para pintar muralhas
como se se tratasse de fixar acordes sobre um enorme silêncio.
Tudo se cala, sabes, até a nossa alma —
ou então somos nós que não ouvimos.
Assim, tu partes.
Na minha idade já não se dá importância a uma separação,
mesmo que definitiva. Eu bem sei que os seres que amamos e que nos amam mais
se vão separando insensivelmente de nós a cada momento que passa.
É também deste modo que se vão separando de si próprios.
Estás sentado sobre essa pedra e julgas-te ainda aí,
mas o teu ser, voltado para o futuro, não adere mais ao que foi a tua vida,
e a tua ausência já começou. É certo que compreendo
que tudo isto é ilusão, como o resto, e que o futuro não existe.
Os homens que inventaram o tempo,
inventaram por contraste a eternidade, mas a negação do tempo
é tão vã como ele próprio. Não há nem passado nem futuro
mas apenas uma série de presentes sucessivos,
um caminho perpetuamente destruído e continuado
onde todos vamos avançando.
Gherardo, não te enganes sobre as minhas lágrimas:
vale mais que os que amamos partam quando ainda conseguimos chorá-los.
Se ficasses, talvez a tua presença, ao sobrepor-se-lhe,
enfraquecesse a imagem que me importa conservar dela.
Tal como as tuas vestes não são mais que o invólucro do teu corpo,
assim tu também não és mais para mim
do que o invólucro de um outro que extraí de ti e que te vai sobreviver.
Gherardo, tu és agora mais belo que tu mesmo.
Só se possuem eternamente os amigos de quem nos separamos.»
 
Marguerite Yourcenar
“O tempo esse grande escultor”
trad. helena vaz da silva
  

Saiba mais sobre o livro aqui

  

E olhei para os meus sublinhados, por exemplo:

 

«Mas a imagem do pássaro vindo não se sabe donde e ido não se sabe para onde permanece um bom símbolo da inexplicável e curta passagem do homem sobre a Terra. Podíamos ir mais longe e fazer da sala assolada pela neve e pelo vento, iluminada?, por um tempo?, no meio do triste e enovoado Inverno, um outro e também pungente símbolo. (...)»

 «De todas as modificações causadas pelo tempo, nenhuma afecta tanto as estátuas como a alteração do gosto daqueles que as admiram».

 «A arte árabe de Granada, mais tardia, mais feminina, dirige-se ao espírito pelos sentidos. (...)  Esta perfeição quase vegetal não depende da unidade de estilo nem de autenticidade de pormenor e suporta com deliciosa docilidade todas as injúrias: o Généralife de revestiments envelhecidos, pavilhões reconstruídos e pequenos bosques com retoques de jardineiros modernos continua sendo   o que o seu construtor árabe desejou que ele fosse: o paraíso das meditações serenas e das alegrias simples. (...)»

 Lembro-me que fui a Granada depois de ter lido «O TEMPO esse grande escultor».

Mas eu não podia acabar sem dizer que o «meu livro»  da autora é  «A OBRA AO NEGRO» - aliás quando me pedem para assinalar um livro quase sempre me lembro deste -  e que o seu «O GOLPE DE MISERICÓRDIA»  deve ter sido o livro que mais vezes li e que mais vezes ofereci. Claro que há «Memórias de Adriano».

publicado por MAF às 20:26
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Terça-feira, 22 de Dezembro de 2009

BOAS FESTAS

 

Aqui também se deseja BOAS FESTAS e para isso tomámos de empréstimo o Postal que nos foi enviado por um dos representantes portugueses na Bienal de Arquitectura de São Paulo deste ano. E pode saber mais sobre todos os representantes neste endereço.

 

publicado por MAF às 19:18
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Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2009

VIDRO

Fizeram-nos chegar a intervenção do Madeira Luiz no workshop que se realizou em Oliveira de Azemeis, há poucas semanas, sobre o Património Vidreiro. Vale a pena saber o que ele disse. Uma lição.

 

 

Finalmente!
 
Para quem como eu, que há cerca de 40 anos colecciona esse fabuloso material que é o vidro e, há 30, pelo menos, descobriu que, entre as suas várias utilidades, uma delas é a de poder ser um documento, o trabalho de prospecção que finalmente se produziu na Quinta do Côvo, constitui o começo de uma etapa decisiva para o conhecimento do património vidreiro deste País.
Os habitantes de Oliveira de Azeméis saberão, naturalmente, que, há cerca de 450 anos, um vidreiro espanhol, Pero Moreno, instalou um forno de vidro no Côvo e que os seus herdeiros, que ainda ali vivem, continuaram a produção até aos anos 20 do século passado.
E também que uma outra família (a dos Mateiros), conseguiu reunir, nos anos 30, várias fábricas que no final do séc. XIX e princípios do séc. XX foram aparecendo na Vila, naquilo que passou a chamar-se Centro Vidreiro do Norte de Portugal, que laborou até á pouco tempo.
Esta simples história que se conta em algumas linhas e que toda a gente conhece em Oliveira de Azeméis, é um motivo de espanto quando contada em qualquer outra lugar de Portugal (com excepção para as pessoas que aqui se relacionam, de qualquer modo, com o vidro) e com maior espanto ainda, se tal relato se fizer a um especialista do vidro em qualquer parte do Mundo.
O que quer dizer que Oliveira de Azeméis detém um património histórico espantoso que não está, até agora, investido. Como um diamante que pode passar despercebido enquanto se conserva em estado bruto.
            Começámos agora a lapida-lo!
            Num País onde os catálogos de peças, os arquivos, as máquinas e utensílios ou os edifícios industriais desapareceram e continuam a desaparecer diariamente, só circunstâncias extraordinárias, como a manutenção da mesma família no Côvo durante séculos ou a excepcionalidade cultural de um grupo de irmãos ingleses (os Stephens) na Marinha Grande, puderam garantir a memória destes centros vidreiros emblemáticos.
            E se, no que diz respeito ao Côvo, se começou agora a tirar partido dessa circunstância excepcional, no caso do Centro Vidreiro a circunstância é outra. É a de se poder ali, ainda, inverter a tendência para esse abandono dos elementos essenciais para a memória industrial, através de uma providência cautelar, ou outra aparentada, assumida pela Câmara Municipal, eventualmente apoiada pela Universidade de Aveiro e por outras instituições da Administração Central.
            A partir daí será então possível desenvolver um projecto ambicioso que coloque Oliveira de Azeméis no lugar que lhe pertence, como o mais antigo e duradouro centro vidreiro conhecido em Portugal, praticamente coevo da fase de esplendor do vidro de Veneza, embora, tanto quanto se sabe, com outra estratégia de produção.
            Uma operação deste tipo exige recursos humanos e financeiros avultados, mas existem hoje empresas especializadas que podem assessorar os seus promotores e colaborar com eles na captação dos apoios financeiros nacionais e, sobretudo, internacionais, que o “diamante” justifica.
            A questão fundamental situa-se pois nos objectivos e na sustentabilidade das resposta aos seus desafios, e passa pela consciência, já hoje relativamente disseminada, de que só há desenvolvimento com populações, agentes culturais e económicos empenhados, sendo que esse empenhamento se baseia na necessidade e na auto-estima.
            Podíamos aliás imaginar, não tanto uma história, mas um conjunto de causas hipotéticas, quer de necessidade quer de empenhamentos, que poderiam ter configurado a evolução destes 450 anos de produção vidreira.
            Em primeiro lugar, as que rodearam a própria instalação de Pero Moreno no Côvo. Se algumas razões que se puseram ao vidreiro são óbvias (a vasta mata e a existência de um veio de água que resolvia algumas necessidades energéticas, o acesso a uma jazida de quartzo e outra de caulinos para a produção do vidro e dos potes), já são menos claras as do Senhor da Feira para a concessão do arrendamento perpétuo, mas parece interessante ter em conta o fascínio que nessa época exercem, sobre a aristocracia portuguesa, os caríssimos vidros de Veneza e o facto de fazer parte do foro “uma meia dúzia de vidros bons e de receber”.
            Mais tarde, nos finais do século XVIII, um novo jogo entre necessidade (ou desejo) e empenhamento, com as tentativas de Inácio de Castro Lemos e Menezes de reformular a estratégia de produção do Côvo (inclusive com a produção de vidros cristalinos) eventualmente pressionado pela concorrência da Marinha Grande.
            E por fim, e no virar do século XIX para o século XX os últimos esforços para adaptação ás novas condições de concorrência com as outras fábricas entretanto implantadas na Vila.
            A resposta a essas novas condições vem agora de outro lado e com contornos pouco conhecidos, mas com algumas estratégias empresariais bem claras. Ramiro e Júlio Mateiro lideram um processo de concentração fabril que, em 1932, abrange praticamente todas as unidades vidreiras da região numa só instituição (O Centro Vidreiro do Norte de Portugal) fortemente dirigida para o mercado colonial e com um estilo de gestão, que tanto dá ênfase de missão cultural a essa relação, como se empenha num programa de acção social junto dos trabalhadores.
            Mas uma vez mais, e neste caso a última (ou talvez não) as circunstâncias desencadeiam um novo confronto entre necessidade e empenhamento na industria vidreira de Oliveira de Azeméis. Perante o declínio de um projecto tão específico como o do Centro Vidreiro, foi ainda gizada, no final do milénio, uma reestruturação que tentava adaptar-se às mudanças sociais profundas de 70 anos. Dessa tentativa, ficaram, pelo menos, um registo vídeo do funcionamento da fábrica, produzido pela Universidade de Aveiro e um levantamento incompleto do património material ali existente, realizado por alunos da mesma universidade.
            A partir daqui, e apesar dos múltiplos aspectos que seria interessante arrolar, o que importa são as perspectivas de futuro baseadas num entendimento rigoroso e critico, deste riquíssimo passado.
            A profunda relação de Oliveira de Azeméis com o vidro, que de certo modo a criou e desenvolveu, e com a industria em geral, de que é exemplo a sua inserção no surto empresarial dos finais do séc. XIX (e que tem no caminho de ferro a mais evidente prova), garantem a viabilidade desse futuro que, aliás, já começou.
            A transferência de mão-de-obra vidreira para a Industria de moldes de plástico, ou as potencialidades empresariais do uso dos novos materiais a que se referirá a Prof.ª Helena Fernandes, são provas disso.
            E por fim a “Galinha dos Ovos de Ouro” que é o turismo, na medida em que os seus principais recursos já existem e são o património cultural. A questão é sermos capazes de o conservar e de lhe dar visibilidade adequada. A região de Aveiro está “madura” para um turismo baseado na arqueologia industrial e nas suas componentes: Vestígios fabris, Caminhos-de-ferro, Arquitectura de transição do século XIX para séc. XX (vulgo Arte Nova) ou, por arrastamento, também a Contemporânea.
            De novo, uma necessidade que desafia a auto-estima e empenhamento. A chave é o Planeamento Estratégico e Participado, nesta área.
 
 
Francisco Madeira Luís
 

 

publicado por MAF às 22:20
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Domingo, 20 de Dezembro de 2009

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

 

Dei pelo Orçamento Participativo lançado pela Câmara de Lisboa ao ver um Mupie na Avenida da Liberdade  sobre o assunto há umas semanas. E deste modo comecei o meu percurso de aprendizagem para participar no mesmo e assim  ter autoridade para eventualmente o criticar . Pois bem, já me inscrevi, já tenho login, e neste principio de tarde gelado ia eu numa de cidadã empenhada «exercer o meu voto» e assim dar um sentido positivo aos dias horríveis de inverno. Impossível, a 2ª. fase foi anulada. Veja aqui.

Parece que não vou esperar pelo fim do processo,  desde já  alguns comentários.

 

- Começo por afirmar o óbvio, tudo o que leve a que os cidadãos individulamente ou em grupos participem na vida pública, e nomeadadmente autárquica, só pode merecer aplauso;

 

- É certo que nos vários documentos que consultei se começa em regra por dizer que não há um único conceito de orçamento participativo. É verdade, e, por exemplo, eu não me revejo naquele que está a ser adoptado na minha Autarquia. Aquilo  mais parece ser um Concurso de Sugestões das quais se vão eleger algumas por voto electrónico.  (Género aquelas consultas que se fazem nas televisões). Meu Deus, eu fanática das novas tecnologias, tenho de me lembrar que participativo tem como finalidade primeira chegar aos que «não têm voz», de forma ágil. Eventualmente aos que não têm computador, e dificilmente se dirigirão aos lugares onde estão disponíveis;

 

- Mais do que orçamento participativo, o que está em causa é a Gestão Participativa, sejam as organizações públicas ou privadas, que deve envolver todos no TODO. Os cidadãos, os trabalhadores, na circunstância da CML, e os eleitos. Ora bem, quando dei pelo Orçamento Participativo tinha eu em mãos um artigo de opinião (daqueles que se guardam para ler quando houver tempo) de Ruben de Carvalho, publicado a 21 de Novembro no Expresso, com o título PLANEAMENTO E TREPADEIRAS, onde está escrita esta coisa espantosa:

 

«A verdade é que a maioria dos cidadãos ignora que a prática corrente é o colectivo municipal delegar no presidente (que por sua vez delega no vereador do Urbanismo) a aprovação de projectos, o que dá como consequência que a maioria dos vereadores (em particular os da oposição) só acaba por ter conhecimento do que se construirá na mesma altura que o público em geral: quando a obra começa!».

 

Por outro lado, muitos serãos os munícipes em que participativo significaria saber por que diabo é que têm processos na Câmara há anos intermináveis sem que lhes seja dada uma explicação da situação.

Por último, por agora: quem viveu a dinâmica Local logo a seguir ao 25 de Abril, e mesmo descontados os excessos da Revolução,  tem uma boa experiência  do que é a Gestão Participativa de que o orçamento é apenas um elemento.

Havemos de voltar a isto, porque eu nestas coisas sigo aquele provérbio Brasileiro: «dou um boi para não entrar numa briga e uma manada para não sair dela».

 

publicado por MAF às 12:41
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Sábado, 19 de Dezembro de 2009

OBAMANIACA

Não resisto a chamar a atenção para o Discurso de Obama no início do ano escolar. Não passa de moda. Aqui,  num meu outro Blogue em torno do ensino/aprendizagem, de uma «Obamaniaca» confessa. 

 

publicado por MAF às 11:49
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Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2009

INOVART - ESTÁGIOS NO ESTRANGEIRO

 

 

Quem sabe não conhece alguém que possa alertar para se candidatar ao INOVARTAté 8 de JANEIRO DE 2010.

Mais

 

publicado por MAF às 10:13
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