A notícia anterior teve «honras» de primeira página no último Expresso. Que se estava a negociar a saída de Dammann já se sabia através do próprio Expresso da outra semana e que foi reafirmado na entrevista dada pela Ministra da Cultura também ao Expresso (Revista) do sábado passado. Que a indemnização ia ser elevada igualmente tinha sido noticiado. Por conseguinte, a «novidade», nomeadamente para quem é leitor do Expresso, reside no nome de quem está a negociar. E agora o que parece criar alguma perplexidade já não é o que tem vindo a ser denunciado - por Sindicatos, Partidos da Oposição, Comunicação Social, ... - quanto a recorrer-se a colaborações externas quando há técnicos nos serviços que poderiamm realizar os trabalhos. Parece que agora já se está a ir mais longe: está a substituir-se externos com uma avença (que se presume leva a um encargo regular para um determinado período) por outros externos que trazem um novo encargo. Pois é, mas isto também já não é novidade, é só ir falando com trabalhadores da Administração Pública, parece mesmo que o fenómeno já está a fazer o seu caminho. Seria interessante e útil averiguar isto.
Mas, bem vistas as coisas, o que agora me despertou a atenção - sem minimizar o atrás referido - tem mais a ver com a essência da técnica que se está autilizar, o célebre «outsourcing», que por definição consiste «em contratar os serviços de uma entidade exterior à empresa para executar serviços não estratégicos, ou seja, que não produzem qualquer valor acrescentado para o cliente». O São Carlos não é uma «empresa do mundo dos negócios» mas hoje defende-se que o «outsourcing seja aplicável a qualquer organização, mas há o outro lado, o estratégico, e que se saiba a Direcção do Teatro - a direcção artística que é o que está aqui em causa - é de natureza estratégica por excelência. E é aqui que as coisas começam a não bater certo para mim. Porém, há um pequeno pormenor, para quem conhece o advogado contratado sabe-se do seu conhecimento no que se refere às actividades musicais. Será que é aqui que está a explicação? Aguardemos que o Expresso nos venha a informar. E se for isso eu fico muito satisfeita dado que à frente de uma Organização, com responsabilidades estratégicas, eu defendo que deve estar quem seja profissional da arte razão de ser dessa entidade.
Está-se mesmo a ver, ando à cata de argumentos para a minha tese. E já tenho uma colecção enorme. Veja-se só onde uma noticiazinha nos pode levar. Aguardemos os próximos episódios.
Que saudades que eu tenho de quando havia muitos espectáculos para a infância e juventude, e até dos debates em que se defendia que esta categoria não era necessária. Havia teatro e pronto, o que era isso de teatro para crianças e outro para adultos! E da satisfação de crianças/jovens quando foram pela primeira vez ao Teatro à noite. Nunca mais me esqueço da pergunta de um sobrinho: Já sou adulto? Isto tudo para dizer que estou feliz com esta iniciativa do Teatro da Rainha. Veja mais aqui. Falta acrescentar que não sou saudosista: o que é preciso é haver mais teatro, e também especificamente para a infância e juventude e para isso não faz mal nenhum, antes pelo contrário, visitar o passado. Sou das que defende até que deveria existir um Teatro Nacional para a Infância e Juventude, e tivemos, temos, gente fantástica que poderia neste domínio fazer um trabalho brilhante, mas «permanente, continuado e sistemático».
Nota - Após a estreia adiada por motivos de saúde da actriz Patíricia Queirós, que se encontra agora totalmente restabelecida, o Teatro da Rainha e o Mau Artista anunciam a nova data de estreia do espectáculo Dodô - No rasto do pássaro do sono - 15 de Abril de 2010
Acabamos de (re)ler «O Fossil Falante» que o Fernando Mora Ramos partilhou com amigos em fins de Março, e certamente que ele não se importa que a partilha se amplie. Como Michael Moore também ele não desilude. Uma passagem:
«(...)
O salazarismo voltou, se isso significa um fechamento do verdadeiro desígnio europeu e uma conformação da vida dos portugueses, seu imaginário e práticas diárias, ao valor da dívida, isto é, ao tamanho pequeno não propriamente do mercado, esse pode encontrar tamanhos de elasticidade vária, mas à negação e um desígnio nacional como verdadeira nova internacionalização (a da geografia da língua e a da economia real levadas a sério) que nos levasse desta tragédia de sermos vítimas eternas de uma deriva constante da unilateralidade financeira – o outro começou Ministro das Finanças e deu rapidamente em torcionário complacente antes de cair da cadeira. Não faltou a isso uma tacanhez provinciana – aliás esta coisa de “os portugueses são capazes”, esse tipo de paternalismo que andam para ai a vomitar enoja e revolta – que agora regressa em força no discurso dos governantes e dos opositores, todos de facto muito analfabetos, iletrados e incultos, ao contrário da tradição de uma certa política republicana e letrada.(...)»
Pode ler o artigo completo aqui .
Mais um post e mais uma oportunidade para mostrarmos outro dos cartazes oferecidos ao Madeira. (E eu acho que ele seleccionou este especialmente para mim dado o gosto que tenho pelo Teatro). Mas o que nós queremos aqui dizer é que os CARTAZES DO MADEIRA LUIS já têm moradas (felizmente que deixámos de tropeçar neles na sua casa e em tudo o que era sítio por onde ele passava). De entre os endereços o da UNIVERSIDADE DE AVEIRO:
http://arquivo.sinbad.ua.pt/Cartazes/
onde já se encontram digitalizados como pode verificar.
É verdade, eu não paro de insistir junto do Madeira para que se divulgue a colecção e aqui está o nosso pequeno contributo. Agora vou insistir para que nos indique as outras moradas e relate as Exposições que já tiveram lugar feitas a partir da sua colecção ou colectivas onde cartazes seus foram utilizados. E que nos diga como aconteceu o «seu casamento» com a Universidade, pode ser que outros aprendam com estas «boas práticas». Sem se conhecer...
Adenda - O arquivo dos cartazes na UA vai ficar em link permanente do blogue
Na imagem alguns dos cartazes oferecidos ao MADEIRA LUIS a que se refere post anterior . (No que nos diz respeito, parte deles trazem-nos à memória dias «tão cheios»! quase de filme). No e-mail que nos enviou o Madeira acrescenta algumas notas que merecem aqui registo - mais que não seja ganha-se tempo para outras conversas nos encontros presenciais ou para tornar algumas mais condimentadas:
«- Aqui te envio parte de um pequeno "menu" (...) referente a um dos últimos núcleos que vão integrar a colecção de cartazes que reuni, durante mais de quarenta anos, e de que não consigo livrar-me (ou não quero livrar-me), embora já estejam realizados, ou em vias de tal, os principais objectivos que me guiaram nessa tarefa: a preservação de um património importante que, quando comecei, só muito debilmente se encontrava recolhido, e isto apesar da exigência do Depósito Legal e, por outro lado, o início de um sistema de acessibilidade que permitirá a concretização das múltiplas valências do seu uso.
- O termo "menu" resulta da minha tendência, nos últimos anos, em assemelhar muitos dos processos mentais ou emocionais, à cozinha, ou mais propriamente, aos vários paradigmas de refeição (a espanhola como uma sequência de alimentos simples, a chinesa com um conjunto de iguarias opcionais, a francesa com uma série ordenada de "pratos" mais ou menos elaborados...).
De certo modo, também eu busco, para as minhas acções, contextos objectivos e subjectivos que, neste caso, são: a tua insistência em trazer ao blog notícias da colecção; a escrita "condimentada" do Esau Dinis (ver o post anterior) e, da minha parte, o acesso a alguns instrumentos para satisfazer esta tendência pessoal. Espero que tudo isto possa ser de alguma utilidade.
- Por agora limito-me a seleccionar, dentro do conjunto de cerca de cento e trinta cartazes oferecidos, aqueles que, imediatamente, me apercebo virem colmatar lacunas importantes da colecção por mim entregue à Universidade de Aveiro ou ilustrem algumas das peripécias referidas. De qualquer modo, não podemos saber a importância que o tempo ou as circunstâncias darão aos outros, incluindo os dois únicos que já têm um duplicado na colecção da Universidade de Aveiro. Garantidos ficaram o empenho, a criatividade e a generosidade dos recoletores e, por isso, devemos ficar todos agradecidos.
P.S. - Já depois de escrever este texto cruzei-me, durante um encontro de animadores, em Aveiro, (para discutir o Estatuto Profissional desta actividade), com vários "actores" da história descrita pelo Esau. Fiquei a conhecer outras peripécias no contributo para o enriquecimento da colecção de cartazes a que se liga o meu nome. Talvez venha a falar delas e de outras, se houver "contexto" para isso.
Ó Madeira! manda «estórias», cá estou, usando palavras tuas, para te editar, e se não houver contexto cria-se. Por agora ainda temos espaço na web, mas se calhar qualquer dia vão pedir-nos para nos contermos e deixarmos de pensar que esta coisa do ciberespaço é infinita. É que há custos, há custos. Mas enquanto o pau vai-e-vem, aproveitemos: divertimo-nos e talvez possa ser útil a alguém. Tenho uma jovem amiga que já diz à mãe: deixa-me ir à internet ler as histórias da Maria Augusta e dos amigos ... E recebo e-mails a lembrarem que prometemos falar de um assunto qualquer e que ainda não o fizemos ... E um doutorando encontrou em alguns dos posts inspiração para a sua investigação ... No nosso diletantismo (penso que qualquer blogue o é em certa medida) acabamos por ter sentido, e eu que ambiciono ser «diletante profissional» estou no meu elemento. Meu Deus, o que uma pessoa escreve, já deve ser efeito do sol.
Não posso deixar de assinalar que temas que considero importantes da cultura e das artes estão a merecer alguma atenção por parte da comunicação social. No último Expresso Nicolau Santos na sua coluna habitual escreve:
«O DESASTRE DE DAMMANN
A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, decidiu interromper o contrato de Cristoph Dammann à frente da direcção artística do Teatro Nacional de São Carlos. Em entrevista a publicar na próxima edição na "Revista Única", a ministra salienta que toma a decisão baseada numa avaliação negativa da qualidade do trabalho desenvolvido por Dammann, avaliação extensiva a muitos melómanos. O que é que isto tem a ver com finanças públicas? Tudo. O contrato do anterior director artístico, Paolo Pinamonti, não foi renovado pela ministra Isabel Pires de Lima, por opção do secretário de Estado, Mário Vieira de Carvalho.
Pinamonti era uma unanimidade para os amantes de ópera devido aos excelentes resultados do seu trabalho. Foi afastado por estar contra a fusão do São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado, sob a égide da OPART. Contratou-se Dammann e a aposta falhou. Agora, descobre-se que Damman tem um contrato blindado, pelo que o Estado lhe terá de pagar uma elevada indemnização para o afastar e travar o descalabro do São Carlos. Assim se desbarata o dinheiro dos contribuintes, sem que ninguém seja responsabilizado — mesmo que todas as decisões tenham sido tomadas por governos liderados por José Sócrates. »
Por acaso, ou sem ser por acaso - talvez "deformação profissional" - penso que seria interessante apurar os montantes de indemnizações que se sucederam ao longo dos anos não só na cultura e nas artes como nos outros sectores. Por outro lado, aprende-se nos primeiros anos de qualquer curso de gestão que um mau recrutamento tem custos muito elevados e sem contar com indemnizações, quanto mais quando elas existem e são o que nos dizem. A pergunta que se impõe: e não devia haver explicações públicas sobre estas situações? e assunção de responsabilidades?
No Diário de Notícias de hoje (2010-04-07) foi publicado o artigo de opinião «São Carlos: o resto está por fazer» de Rui Veira Nery de onde tirámos o seguinte excerto:
«(...)Dito isto seria profundamente errado centrar demasiado na pessoa do director artístico do teatro a situação de crise prolongada que nele se vive. Demonizar Christoph Damman e convertê-lo no bode expiatório exclusivo do descalabro reinante no domínio da ópera em Portugal é injusto porque não toma em consideração os problemas estruturais de fundo que provocaram a crise actual e que se têm vindo a agravar ao longo da última década.
Santificar Paolo Pinamonti e esperar dele, na hipótese - a meu ver claramente desejável - do seu regresso, resultados milagrosos imediatos que invertam subitamente esta situação é igualmente injusto porquê coloca de forma irrealista nos seus ombros uma responsabilidade a que de modo nenhum teria meios de corresponder em pleno. O problema do São Carlos é também de direcção artística, e ainda bem que temos uma boa alternativa à mão para o resolver a esse nível, mas é sobretudo de ordem política, orçamental e administrativa.
É um problema de ordem política porque o São Carlos e a ópera em Portugal não podem ser pensados isoladamente de uma estratégia de desenvolvimento global e sustentado para o País que incorpore as artes e a cultura como uma vertente estruturante. O São Carlos só se justifica se for capaz de prestar um serviço público reconhecidamente eficaz no seu âmbito de intervenção, articulado com o tecido cultural português, no seu todo, e agindo no seio deste como uma referência de qualidade e modernidade, mas também como um motor de renovação estética, de qualificação dos profissionais do sector, de tirocínio de talentos, de formação de públicos.
É um problema de ordem orçamental porque essa missão politico-cultural que lhe compete não pode ser exercida de forma minimamente efectiva sem um acréscimo dos seus meios financeiros actuais. Não se trata aqui da miragem utópica dos velhos habitués do São Carlos que sonhariam com um teatro que fosse de novo o ponto de passagem (como já o foi) das grandes vozes líricas, dos grandes maestros e dos grandes encenadores do panorama operático internacional. Programar nessa escala, pelo menos de modo sistemático, implicaria meios de que de modo algum seria realista, na conjuntura actual, esperar dispor. Mas os custos de estrutura do São Carlos-orquestra, coro, equipa técnica, frente de casa - são demasiado elevados para que depois não haja recursos orçamentais suficientes para pôr em pleno o ritmo de produção dessa máquina excelente que já está no terreno. Dotar o teatro de uma verba ridícula como aquela de que actualmente dispõe para programação não significa poupar dinheiro ao Estado, significa estar a desperdiçar o investimento gigantesco que este ja faz na estrutura permanente do teatro, quer ele abra as portas ao público quer não.
Os poucos espectáculos que o São Carlos hoje oferece por temporada, sendo paupérrimos nos seus custos imediatos de produção, são aberrantemente caros quando se toma em consideração a amortização do custo total anual da instituição em cada produção. Aquilo que pareceria uma economia representa assim, afinal, um trágico desperdício. E o reforço orçamental necessário para alterar esta proporção seria, em termos macro-orçamentais, irrelevante face ao investimento de fundo já efectuado. (...)».
Pode ler o artigo completo aqui. Ou neste endereço do DN.
E que comentários é que o artigo nos merece? Desde logo, que o diagnóstico nos parece extensível a muitas outras situações na esfera das artes do espectáculo e, nomeadamente, quanto às designadas Unidades de Produção do Estado. Por outro lado, pensamos que se justificava haver uma fundamentação pública que mostrasse as razões que levaram à opção orgânica "EPE" - Entidade Pública Empresarial - tendo em conta, em especial, que a grande percentagem do financiamento provem do Orçamento de Estado. E se as Estruturas não determinam o bom desempenho de uma organização de qualquer forma podem favorecê-lo ou não. Para terminar, por agora, aqui está uma boa matéria para debate.
No «Hotel Vitória», em Lisboa, uma Exposição para quem gosta do Cartoon, ou quer começar a interessar-se. E no dia 8 há debate como se pode ver acima. Para além do mais anima a Avenida da Liberdade que bem precisa. Eu já fui ver ontem com uns amigos, ao fim- da- tarde, mas está aberta das 10:00 às 20:00, de segunda-feira a sábado. A estação de metro é a «Avenida», e há muitos autocarros. Termina a 9 de Abril.
Muitos estarão lembrados de Michael Moore e do seu Filme sobre a Saúde nos EUA. Pois bem, ele não estará satisfeito por aí além com o que foi aprovado e di-lo através de uma carta aberta aos Republicanos com a ironia que se lhe conhece. Não desaponta como diz imprensa americana. A carta aberta em inglês no seu blogue. E pode ver uma tradução grosseira, daquelas «automáticas», aqui. E declarações ao programa Larry King Live - I parte - neste vídeo:
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