Sugeriram-me que chamasse a atenção para este artigo de opinião de Baptista Bastos publicada no Jornal de Negócios de 25 de Junho sobre «Saramago» e «Cavaco Silva». Gostei particularmente desta ideia de democracia:
«(...)para os que admitem a democracia como uma instância de sabedoria, de compreensão, de complacência e de liberdade livre». Só podia ser do BB. (Lembrei-me deste artigo no encontro no fim -de -semana na Casa da Cerca - «Crise, Cultura e Democracia» - quando alguns procuravam um conceito de democracia).
E foi bom recordar um Programa que eu também vi, de que na altura falei muito, sobre o qual BB escreve:
«Há uns anos largos, num programa de Margarida Marante, na SIC, foi apresentado um encontro aparentemente imponderável: D. Manuel Clemente, então reitor do Seminário dos Olivais, e José Saramago, já então muito conhecido e muito polémico. Foi um diálogo inesquecível. D. Manuel Clemente conhecia a obra do escritor, e este demonstrou uma atenção muito grande por tudo quanto o seu interlocutor dizia, sobretudo pelas interrogações sobre Deus e a religião que lhe formulava. Dois homens cultos, que se respeitavam e que expunham aos telespectadores uma forte dignidade nas suas opções essenciais e uma impecável decência nas suas interpelações e propostas. (...)».
A memória!
Se quiser saber sobre o que foi dito na última Audição à Ministra da Cultura na Comissão de Ética Sociedade e Cultura pode ir aqui. Do que já vi apenas me apetece sublinhar que muito há a fazer para que as Políticas Públicas possam ser acompanhadas e avaliadas, desde logo, pela AR ,e depois por quem estiver interessado. Ou seja, na generalidade, aquilo que foi perguntado não deveria ser de resposta pública normal? Através de sítios na web? Outro aspecto: não há dúvida que depois desta audição todos ficámos a saber mais sobre as artes, e, em particular, sobre os APOIOS PONTUAIS às artes. Lá que estou curiosa em ver como é que este caso particular se vai desenvolver, estou. Agora ninguém pode dizer que não sabe, sobre o passado, o presente, e até o futuro, dos Apoios Pontuais. E talvez ninguém dos interessados se possa eximir de se questionar sobre o que caracteriza os apoios pontuais, ou sobre o conceito que lhes devia estar subjacente, como parte do sistema global dos apoios. Há perguntas e respostas para este caso que até nos fazem sorrir e que não deixam de ser ilustrativas sobre o estado do sector: em especial sobre a informação e conhecimento operacional e estratégico de que não dispomos,e só se dando por isso em momentos excepcionais e casuísticos. E disto temos que falar quando falamos de transparência.
imagem que acompanha o comunicado
«O Ministério da Cultura e as actividades culturais: má-fé negocial, desinvestimento e desastre»
A crise do corte dos 10% no âmbito da Cultura e das Artes parece ter entrado num novo patamar que podemos designar por «patamar 100%». Pelo lado negativo, temos os Apoios Pontuais do 2.º Semestre que, tudo leva a crer, não se vão realizar (já agora, com que cobertura legal?), e com propriedade se poderá dizer que neste caso os cortes são de 100%. Numa perspectiva positiva, o debate parece estar ampliado ao todo cultural e artístico, de forma integrada e a prazo, em toda a sua complexidade, o que não deixa de consubstanciar também uns 100%, "bons", do nosso ponto de vista. Depreendo isto, em particular, deste comunicado , acima assinalado, do Sector Intelectual de Lisboa do PCP, hoje divulgado.
«Cultura e Artes a 100%» é até capaz de ser um bom slogan, se fôr para melhor. «Para pior já basta assim».
Dados os tempos que se estão a viver na Cultura e nas Artes, despoletados pelo corte dos 10%, aqui estamos perante uma iniciativa sobre a qual, no mínimo, se pode dizer: MAS QUE INICIATIVA TÃO OPORTUNA!
Como se pode ver, confirma-se, os problemas conforme vêm, vão-se, é tudo uma questão de jeito e tempo, como muitos dizem. Será? O que interessa, e isso é de facto importante, é que neste momento já não há Corte de 10% e já há novo Director para a DGARTES. Duas das notícias sobre o assunto entre tantas que inundam a Comunicação Social:
JNonline
Ministra da Cultura recua nos cortes orçamentais
2010-07-12 21:39:00
A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, recuou hoje, segunda-feira, na decisão de fazer 10% de cortes orçamentais no sector cultural.
Gabriela Canavilhas esteve hoje, segunda-feira, reunida com várias plataformas da área das artes.
Correio da Manhã
CANAVILHAS - NOMEAÇÃO
O Ministério de Gabriela Canavilhas nomeou João Aidos para director-geral das Artes e justifica a escolha com a necessidade de ter uma "nova atitude" para os desafios do sector cultural
Bom, não se deixe fugir o momento e continue-se a reflectir a Cultura e as Artes, a prazo, e toda esta trapalhada terá valido a pena.
Já aconteceu, mas, ainda assim, nestes dias em que para as artes as coisas estão fuscas, uma notícia boa que me chegou por e-mail:
O Pisa-Papéis, através do seu responsável Nuno Ricou Salgado, participou no III Congresso Ibero-americano de Cultura Medellín - Colômbia. Este convite da organização colombiana surge na sequência da participação do Pisa-Papéis em vários Mercados e Fóruns internacionais ligados às artes performativas, à música e à Cultura em geral, nomeadamente no Mercat de Música Viva de Vic na Catalunha, importante plataforma de comunicação entre agentes culturais ibéricos e da América Latina.
O III Congresso Ibero-americano de Cultura é um importante ponto de encontro para os profissionais da indústria musical ibero-americana, sendo a Procur.arte a única entidade portuguesa presente em Medellín.
O III Congresso Ibero-americano de Cultura é um espaço destinado a dar visibilidade, repensar e agilizar os processos no campo da música e das indústrias culturais latino-americanas. Para o efeito realizam-se concertos, palestras, painéis, workshops e um Mercado Cultural. Estiveram presentes Ministros da Cultura.
E foi mais uma oportunidade para distribuir a nova edição do Pisa-Papéis.
Mais sobre o Congresso neste endereço. E sobre o Pisa-Papeis neste.
O Director da Direcção-Geral das Artes apresentou a sua demissão e do Gabinete da Ministra da Cultura há um Comunicado sobre o acto como divulga, entre outros meios de comunicação, o Público. Veja aqui. Quem julgava que já tinha visto tudo nisto das artes, desengane-se.
É muito «engraçado» seguir a actividade da Assembleia da República, por exemplo, ver a relação entre o que se diz e depois o voto, nomeadamente se tentarmos ignorar a história de cada Grupo Parlamentar. Vem isto a propósito do Voto de Protesto referido no post anterior apresentado pelo PCP. Da notícia no Parlamento Global:
«O Parlamento rejeitou hoje um voto de protesto do PCP contra os cortes orçamentais na cultura mas toda a oposição condenou a política do Governo neste setor». A notícia completa aqui.
Tente explicar isto a uma criança, e mesmo adolescente, é um bom exercício de cidadania. É a democracia acabaremos por concluir.
Ora, aqui está actividade na Assembleia da República que é de assinalar porque não é muito frequente a Cultura e as Artes estarem no centro das preocupações do Parlamento, e agora, em dois dias seguidos, há movimento em torno dos Cortes na Cultura. De facto:
Hoje (quinta-feira), o PCP apresentou um Voto de Protesto contra os Cortes na Cultura que será discutido e votado na sessão plenária de amanhã (sexta feira). A ser aprovado permitirá à Assembleia da República exprimir o seu protesto pelas restrições orçamentais impostas pelo Governo a este sector, manifestar a sua preocupação em relação às consequências dessas medidas no domínio da criação cultural e artística e afirmar a sua solidariedade para com os criadores e profissionais cujas actividades se verão prejudicadas por essas opções governamentais. Pode ver o Texto do Protesto aqui. Notícias sobre a iniciativa, por exemplo aqui e aqui .
Ontem o BE levou os Cortes na Cultura a debate e pode ficar com uma ideia das intervenções dos diferentes partidos através do vídeo seguinte.
Na próxima semana vai haver uma audição parlamentar da Ministra da Cultura na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, que tem como objectivo apurar os impactos que poderão resultar dos cortes e a resposta política necessária para impedir a sua concretização. Antes o Grupo Parlamentar do PCP vai realizar no próximo dia 12 de Julho, pelas 17 horas na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul (Av. D. Carlos I n. 61 1º Lisboa), uma Reunião Pública sobre estas matérias.
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