O Professor Rogério Fernandes Ferreira faleceu. A comunicação social deu conta da triste notícia, por exemplo , na última edição do jornal SOL, de que era colaborador, escreveu-se: «(...) Portugal perdeu esta semana um respeitado fiscalista (...).Sensato, modesto e grande conhecedor do sistema fiscal nacional, era defensor de um IRS simples, convencido de que seria a única forma de combater a fraude fiscal. Além dos conhecimentos técnicos na área de contabilidade, economia e direito, o professor destacava-se pela simplicidade, amabilidade e resiliência (...)».E nesta mesma edição foi publicado o último texto escrito pouco antes de falecer com o título Divagações (em despedida) que começa assim: «O texto que se segue será pungente. Escrevi-o pretendendo manter-me autêntico, no bom e no mau do que comunico. Pois estou sem forças e energias».
E o que nos leva aqui a recordá-lo? Poderia ser apenas porque foi nosso professor e porque tivemos o privilégio de o termos como orientador numa investigação de mestrado, no ISEG, à volta de um tema, ao tempo, pouco vulgar: «Organizações sem fins lucrativos e a sua gestão estratégica». Ao princípio estranhou o pedido, mas depois, com entusiasmo, ao seu jeito, foi o orientador que sempre imaginámos ter. A partir dai, como tantos outros, fomos alvo de uma generosidade invulgar da sua parte: faziamos parte da lista a quem o Professor mandava as suas últimas reflexões; as Boas-Festas sempre originais; o alerta que só a nós interessaria; e quantas vezes não fomos contactados por pessoas à procura do nosso trabalho que tinham conhecido porque o Professor tinha falado dele. E também telefonava, a pedir uma ou outra informação por pensar que seriamos a pessoa mais indicada para o efeito, colocando-nos num patamar de «igualdade entre pares» que só pessoas especiais conseguem fazer.
Do muito que aprendemos com o Professor, há um aspecto muito particular que nos tocou, e desde que tomámos consciência dele tentámos praticá-lo, e não porque ele alguma vez o tenha explicitado, mas nós captámo-lo assim: não baixar o nível na exposição qualquer que seja o tema, e nomeadamente na relação professor - aluno. Não escamotear as bases de partida que não se possuem. De facto, nunca o vimos desdobrar-se em formas menores para explicar o que era complexo. E há um outro de que os agora nossos orientandos beneficiam pois com frequência valorizam a relação que estabelecemos com eles. Costumamos dizer: só temos de fazer o que o Professor Rogério Fernandes Ferreira fez connosco. Orientou mesmo, no plano teórico e prático. Seguindo caminhos já calacorreados por outros mas inventando no percurso que se ia fazendo. Podiamos ficar por aqui e dizer que esta seria a nossa pequena homenagem a esta «pessoa boa» que é o que nos ocorre em primeiro lugar e que nós pensamos ser o melhor que se pode dizer de alguém. «Gente, gente», numa expressão mais restrita que muito utilizamos entre amigos.
Mas para além disto pensamos que tem cabimento falar aqui dum acontecimento especial, o da sua participação no Seminário Organizações, Cultura & Artes de que já falámos aqui nestes blogue - veja aqui . Acedeu, amavelmente, ao convite formal que o Professor Rui Vieira Nery e o Professor João Carvalho das Neves lhe fizeram para coordenar um dos paineis - Acompanhamento Financeiro das Organizações [que eram organizações de cultura e artes] - onde como na generalidade dos debates se queria numa mesma ocasião «confrontar» os das artes com os da economia, da gestão, das finanças. A imagem acima mostra os elementos da mesa - O Professor Rogério Fernandes Ferreira ao centro; e de um lado os então Presidente do Tribunal de Contas Alfredo de Sousa e o Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas José Vieira dos Reis ; do outro lado, das artes, Mário Barradas (falecido no fim do ano passado) e José Carlos Faria para falarem da cultura e das artes centrados no CENDREV. Foi um Seminário em que as intervenções foram unanimemente consideradas de grande qualidade, e neste momento em que tanto se está a falar das artes e da cultura, fizemos um pequeno dossiê que pode ver aqui duma versão corrigida para edição sobre o seminário (mas que até à data não aconteceu) que revela o pensamento do Professor sobre matérias então discutidas e tão actuais. Disse isto, por exemplo:
«um teatro ou uma televisão podem não ter espectadores suficientes mas há critérios de ordem não financeira que impõem que a actividade deva realizar-se ou nela deva investir-se».
Lembramos a sua grande satisfação ao ver o Auditório do ISEG repleto com participantes vindos de todo o País e de ter comentado isso no início da sua intervenção.
Uma pequena homenagem, e, uma vez mais, como em relação a outros que recentemente nos deixaram, uma forma de contribuirmos para cuidar do futuro do seu contributo para a reflexão na esfera da cultura e das artes.
Bom, sabemos destas coisas porque fizemos parte da equipa que identificou e organizou a iniciativa.
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