Corte e Cultura éneste endereço e aqui uma passagem: um artigo de opinião de Fernando Mora Ramos que nos chegou recentemente e que, na nossa perspectiva, permite ver os «cortes na cultura» em outra dimensão. O texto completo
«Nunca o teatro foi tão decisivo. Como arte da presença simultânea de cidadãos que buscam a verdade de ambos os lados da ficção em acto, ora elaborando ficcionalmente o que se corporiza no momento, ora ficcionando autonomamente o que se frui emocional e criticamente. E, portanto, como ficção que exibe os seus próprios antídotos, legíveis em corte de identificações miméticas e bárbaras, puro vazio, elegendo a racionalidade emocionada como esteio do pensar e como reordenamento do real – caos ilimitado que só se observa quando se lhe suspende o fluxo – por via da montagem e da fábula, elementos artifício de desocultação da mentira sistémica e forma de “desocultar” as camadas de mentira.
O corte recentemente apregoado e desdito, novela constante de um Ministério até aqui muito discreto, tinha de estranho justamente a incapacidade de diferenciar aquilo que não é lucrativo imediatamente – caudal de influências que age no longo prazo e não pode ser moda, Ésquilo ou Shakespeare, que, sujeitos a tantas modas, a elas sobrevivem há séculos ao contrário da própria moda, ciclo curto, desígnio negocial do mercado – daquilo que é imediatamente lucrativo.
Um projecto artístico não é uma soma de contratos nem de realizações pontuais, é uma obra que todos os dias se tenta e se pesquisa durante anos e anos, não é analisável no empirismo psicologizado do presente como a última coisa vista. Mais de quatro décadas levou Strehler a erguer o Piccolo Teatro. As nossas estruturas de criação são frágeis – mesmo as mais fortes são muito frágeis, obra de actos voluntários de obsessão e dedicação ao país – porque o Estado Democrático é frágil. É frágil na economia, aberta aos golpes da fortuna bolsista e a um desemprego larvar que não trava, é frágil na justiça que faz prescrever crimes como algo aceitável, é frágil na vigilância policial cidadã que resvala sem controlo para a agressão e o autoritarismo, é frágil na informação que não existe submetida à mentira constante da novelização da realidade consumida, é frágil na polémica institucional dada a mediania parlamentar, é frágil porque a educação é cada vez mais um sucedâneo apostado em conteúdos e formas pedagógicas em tudo formatadoras de uma escravatura ao serviço do consumo – o que explicará a vulgarização constante das aprendizagens da língua e o desprezo pelos autores?»
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